Tempo de leitura: 12 minutos
- Use a escuta estratégica para descobrir o que o cliente realmente quer
- Conduza o cliente, mas evite parecer insistente
- Adapte a abordagem ao perfil de quem compra ou aluga
- Reforce o valor do imóvel sem cair na armadilha da bajulação
- Negocie condições com base em argumentos, não em concessões
- Use objeções como pontos de avanço, não de recuo
- Na locação, mostre segurança jurídica e agilidade como diferenciais
- Saiba quando parar: evite virar refém da negociação
- Negociar bem é o que diferencia quem atua de quem conquista
Dá para fechar negócio até quando o cliente diz “não”. A negociação imobiliária é menos sobre convencer e mais sobre entender. Quem domina isso, transforma objeções em conversa, e conversa em contrato.
Seja no calor de uma venda ou no vai-e-volta de uma locação, o que pesa mesmo é saber ler sinais, reagir com jogo de cintura e ajustar a rota sem perder o rumo. E isso não se aprende só na prática, pois exige técnica, leitura de cenário e, principalmente, consciência do momento do outro.
Tem estratégias que, quando colocadas em campo, mudam completamente a dinâmica do atendimento. Algumas delas você talvez até conheça, mas é no uso certo, na hora certa, que a mágica acontece. E é disso que a gente vai falar agora!
Use a escuta estratégica para descobrir o que o cliente realmente quer
Tem gente que fala muito, mas diz pouco. No atendimento imobiliário, essa cena é mais comum do que parece. Enquanto o cliente explica o que busca, ele também entrega — sem querer — sinais do que realmente importa para ele. O problema é que muitos profissionais se prendem ao que foi dito, mas ignoram o que foi mostrado.
Escutar com atenção vai muito além de registrar número de quartos ou valor do aluguel. É captar o desconforto disfarçado, o entusiasmo contido, as pausas longas. Às vezes, o cliente fala em morar perto do trabalho, mas o que está pesando mesmo é a necessidade de segurança porque tem filhos pequenos.
Perguntas abertas ajudam demais a desvendar essas camadas. “O que levou você a procurar um imóvel novo agora?” convida o cliente a abrir mais do que simplesmente responder “três quartos e varanda”. E a partir dessa abertura, outras camadas começam a aparecer.
Teve corretor que percebeu a real preocupação de um cliente quando, ao visitar um imóvel silencioso, ele soltou um “nossa, aqui dá até para dormir direito”. Nenhuma ficha teria revelado que o barulho era o maior incômodo.
Outro ponto que pesa: não apressar. Deixar o cliente falar no tempo dele, sem cortar ou preencher cada silêncio. Muitas vezes, é nessa pausa que ele revela o que estava guardado. Quando você lê essas entrelinhas, o atendimento muda completamente, e o cliente sente a diferença.
Conduza o cliente, mas evite parecer insistente
Pressão demais fecha portas. E, no mercado imobiliário, porta fechada é conversa perdida. A diferença entre conduzir com firmeza e forçar a barra está na forma como você posiciona cada passo da conversa.
Manter o controle do atendimento não significa atropelar decisões. Ao contrário: é guiar com leveza, mostrando segurança sem parecer que está empurrando nada. Uma técnica sutil (mas muito poderosa) é a da autoridade consultiva. Em vez de dizer “acho que esse imóvel combina com você”, prefira algo como “esse perfil costuma agradar bastante quem busca mais conforto sem abrir mão da localização”. O tom muda, e o peso da sua experiência entra em cena.
Outro recurso útil é apresentar opções com direcionamento. Em vez de perguntar “vai querer agendar a visita?”, experimente “para você, é melhor visitar hoje à tarde ou amanhã pela manhã?”. Isso ajuda o cliente a decidir sem se sentir pressionado.
Tem também o uso da âncora emocional. Se durante o papo ele comentou que está cansado da burocracia em locações anteriores, você pode resgatar esse ponto ao apresentar a esteira digital ou o contrato online: “Com essa solução, você não vai mais precisar enfrentar aquele sufoco todo”.
Esse tipo de condução cria conexão, confiança e ritmo. O cliente sente que está no controle, mas quem organiza os passos é você. E quando isso acontece, o fechamento deixa de ser uma insistência e vira uma consequência natural.
Adapte a abordagem ao perfil de quem compra ou aluga
Negociar com um investidor não é a mesma coisa que atender uma família que está procurando o lar ideal. E quem já precisou fechar uma locação em dois dias tem pressa de um jeito que não dá para ignorar. Desconsiderar essas nuances é como tentar usar o mesmo script em todo tipo de ligação: soa forçado, desconecta e enfraquece a chance de fechar negócio.
A leitura do perfil precisa acontecer logo nos primeiros minutos de conversa. Um investidor, por exemplo, tende a ir direto ao ponto. Ele quer números, potencial de valorização, retorno de aluguel.
Nesse caso, vale acelerar o ritmo, focar em dados e evitar floreios. Já uma família costuma reagir melhor a uma abordagem mais sensível, que destaque conforto, segurança, proximidade de escolas e vizinhança.
Se o cliente está mudando de cidade, o tom muda de novo. É comum surgir insegurança, comparação com a cidade anterior e até resistência velada. Mas, mostrar conhecimento local e indicar serviços próximos ajuda a criar confiança.
Agora pense num locatário com pressa: talvez tenha tido um contrato encerrado de surpresa ou precisa mudar por motivos profissionais. Para esse perfil, um atendimento direto, com soluções práticas e pouca enrolação, é o que mais funciona.
Perceber o que cada cliente valoriza e ajustar o tom, o ritmo e o foco do atendimento a partir disso, transforma uma conversa qualquer em algo realmente eficaz. No fim, é sobre saber se comunicar do jeito certo com a pessoa certa.
Reforce o valor do imóvel sem cair na armadilha da bajulação
“Você vai amar esse apartamento” pode até parecer simpático, mas não diz nada. No mundo da negociação imobiliária, elogios vazios soam mais como tentativa de convencimento do que como argumentos sólidos. Quem está do outro lado percebe rápido quando falta consistência na fala.
Valorizar um imóvel com inteligência exige contexto. Em vez de dizer que o bairro é “ótimo”, vale muito mais mostrar que ele teve crescimento de X% na valorização nos últimos dois anos, ou que está a 10 minutos a pé de três escolas e dois supermercados. A ideia é trocar a adjetivação pela utilidade real.
Outro ponto: apresentar diferenciais com base em quem está comprando ou alugando. Um cliente que trabalha de home office, por exemplo, pode se interessar muito mais pela iluminação natural da sala do que pela vaga de garagem. Não precisa florear, basta mostrar o que aquilo resolve na vida dele.
Gatilhos também ajudam, desde que usados com equilíbrio. Dizer que o imóvel teve três visitas só na última semana ativa a prova social. Mencionar que há outros interessados pode gerar urgência. Mas tudo isso tem que vir com naturalidade, sem parecer uma jogada forçada.
O cliente não precisa ouvir que o imóvel é perfeito. Ele precisa entender por que aquele imóvel faz sentido para ele. E quem consegue entregar essa resposta com clareza, costuma encurtar bastante o caminho até o “sim”.
Negocie condições com base em argumentos, não em concessões
Desconto é fácil de dar. O difícil é sustentar valor sem parecer inflexível. E no meio de uma negociação imobiliária, essa diferença muda tudo. Quando o corretor começa a ceder logo nas primeiras objeções, transmite insegurança e pode desvalorizar o imóvel, mesmo sem querer.
Negociar bem não é dizer “sim” para tudo. É entender quais pontos têm margem de manobra e quais precisam ser defendidos com estratégia. Em vez de baixar o preço logo de cara, é mais interessante oferecer alternativas com ganhos mútuos. Por exemplo: “Consigo manter esse valor se o sinal for feito ainda nesta semana” ou “Se optarmos por esse modelo de garantia, talvez a análise de crédito agilize o processo e economize no custo final”.
Outro ponto-chave é saber quando e como sustentar o preço. Em vez de apenas dizer “esse é o valor do proprietário”, é muito mais eficaz afirmar com segurança: “Esse imóvel se manteve valorizado mesmo em períodos de baixa no mercado. Quem comprou na mesma planta, há dois anos, hoje teria retorno de mais de 18%”.
Quando você negocia com argumento, mostra domínio. Quando cede sem critério, passa a ideia de que aquele valor nunca foi real. A questão não é travar o negócio; é defender o que faz sentido. E quando o cliente percebe que há lógica por trás da proposta, ele tende a respeitar o valor e avaliar com mais seriedade.
Use objeções como pontos de avanço, não de recuo
“Vou pensar.” “Está caro.” “Preciso conversar com meu marido.” Frases como essas já fizeram muita gente encerrar a conversa antes da hora. Mas, na maioria das vezes, elas não são um fim; são um convite para ir mais fundo. A objeção, quando bem interpretada, costuma ser um sinal de que o cliente ainda está na dúvida; ou seja, ainda está dentro do jogo.
Quem recua diante da primeira resistência perde a chance de entender o que está realmente travando a decisão. E é justamente aí que a escuta ativa volta a fazer diferença. Quando o cliente diz que achou caro, o problema pode não ser o valor, mas sim a percepção do custo-benefício. Nessas horas, uma boa saída é devolver com leveza: “Você achou caro comparado a outros imóveis que viu ou ao que esperava encontrar?”
O “vou conversar com meu marido” pode esconder insegurança sobre a localização, dúvidas com a documentação ou receio de se comprometer rápido demais. Em vez de aceitar e encerrar, vale perguntar: “Tem algo que vocês gostariam de revisar com mais calma antes de avançar?”
Objeções são brechas. Quando o profissional responde com interesse genuíno, perguntas certeiras e reforço de valor, em vez de pressa ou justificativas, o diálogo segue vivo. E muitas vezes, é ali, no meio da resistência, que a negociação começa de verdade.
Na locação, mostre segurança jurídica e agilidade como diferenciais
Na hora de alugar, muita gente não escolhe pelo preço mais baixo; escolhe por onde sente mais confiança. A locação envolve riscos para os dois lados, e o corretor que transmite organização, clareza e segurança jurídica costuma sair na frente.
Mais do que descrever o imóvel, é importante mostrar como o processo será simples e protegido. Explicar com clareza como funciona o contrato, quais são as garantias aceitas e quais ferramentas serão usadas durante a jornada reduz a desconfiança logo no início.
O uso de tecnologia ajuda muito nesse processo. Assinatura digital evita idas ao cartório, o app de vistoria dá mais transparência para locador e locatário, e sistemas que controlam inadimplência ou vencimentos passam mais credibilidade do que planilhas e promessas verbais.
Quem aluga com pressa quer rapidez, mas também quer segurança. Quando você mostra que a imobiliária tem um processo confiável e bem estruturado, o cliente entende que está fazendo um bom negócio.
Saiba quando parar: evite virar refém da negociação
Tem hora em que insistir demais não fecha negócio, só desgasta. Todo profissional já se viu preso em conversas que viraram um cabo de guerra: de um lado, o cliente querendo mais vantagens; do outro, o proprietário inflexível. E no meio, o corretor tentando equilibrar tudo, sem perder o controle.
Saber a hora de parar também é estratégia. Quando o cliente estica demais, questiona tudo ou empurra o processo sem intenção real de fechar, o risco é perder tempo, energia e até credibilidade. O mesmo vale para quem representa imóveis: se o proprietário não aceita nenhuma condição, nem ajusta expectativas, talvez ainda não esteja pronto para negociar de verdade.
O profissional experiente entende que não precisa vencer toda disputa. Às vezes, recuar é o passo certo para preservar o relacionamento, manter o foco em oportunidades mais promissoras e mostrar profissionalismo.
Encerrar uma negociação no tempo certo não é sinal de fracasso. É sinal de maturidade comercial. E quem reconhece esse limite, tende a construir negociações mais saudáveis e resultados mais consistentes.
Negociar bem é o que diferencia quem atua de quem conquista
Negociação imobiliária não é sobre vencer uma disputa — é sobre conduzir uma conversa com inteligência. É isso que separa o corretor que apenas apresenta imóveis daquele que fecha acordos com constância, mesmo diante de objeções, perfis difíceis ou cenários desafiadores.
No final das contas, o que impulsiona o resultado não é ter mais visitas, mas saber transformar cada contato em oportunidade real. Isso exige leitura de contexto, domínio técnico e uma postura profissional que inspire confiança. Negociar bem não nasce do improviso: é prática somada à estratégia.
E, claro, manter-se em evolução faz parte do jogo.
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